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sexta-feira, 12 de junho de 2015

QUANDO A ESPIRITUALIDADE É ESPIRITUAL?

 

REFLEXÕES

D. A. Carson*

O interesse atual na "espiritualidade" é ao mesmo tempo salutar e assustador. É salutar porque, em sua melhor forma, é infinitamente preferível ao materialismo filosófico assumido que rege muitas pessoas, não apenas no mundo ocidental mas também em diversos outros lugares. É salutar sempre que representa uma revolta consciente contra o profundo senso de irrealidade que aflige muitas igrejas. Falamos em "conhecer", "encontrar-se com" e "adorar" o Deus vivo, porém muitos sentem que os esforços coletivos são superficiais e inautênticos e, em seus momentos mais silenciosos, tentam imaginar o que está errado.

É assustador porque a "espiritualidade" tornou-se um elemento tão mal definido e amorfo que abrange todos os tipos de fenômenos que uma geração anterior de cristãos, mais propensa ao pensamento árduo do que a atual, teria descartado como erro, ou mesmo como "paganismo". Hoje, "espiritualidade" é uma palavra de aplauso isto é, o tipo de palavra que, tão logo pronunciada, todos começam a aplaudir. Em muitos círculos, funciona na esfera "espiritual" assim como a "torta de maçã" na culinária: quem é ousado o suficiente para propor cautela, quanto mais uma crítica? O que se sabe com certeza é que, em geral, o assunto provoca muito interesse.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Fé Salvadora (Confissão de Fé de Westminster)

Fé Salvadora (Confissão de Fé de Westminster)

O que é fé?

Existem tipos de fé? Como entender essa questão?

A fé é um elemento indispensável à vida humana. Podemos dizer que todo o homem tem seus pressupostos, no qual, nada mais são do que uma confiança preliminar em algo.

Creio que todos já ouviram as expressões: “Tenha fé que vai dar tudo certo”; “bota fé que vai...”. Todas essas expressões são utilizadas para incentivar e motivar alguém para alguma coisa. No entanto, a fé bíblica é algo muito além, muito mais intenso do que um sentimento ou expressão motivacional. A fé é algo sobrenatural, porém, não exclui o racional, conforme o Rm. 10.7 “Portanto, a fé, vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo”. Ela não está desassociada do conhecimento, é um erro pensar assim, uma vez que, o conhecimento das Escrituras gera a fé “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.” (Mateus 22.29).

A fé na qual está em questão é algo que produz crescimento, pois, ela é operosa e aquele que experimenta a fé genuína é conduzido a sair do marasmo de si mesmo para a realização da obra em Cristo Jesus.

Não se pode ter a idéia que fé é uma só, pois existem vários tipos de fé no contexto geral, conforme observamos abaixo:

Quais são os tipos de Fé?

1) Fé histórica ou Especulativa

Ela é caracterizada pela crença intelectual na veracidade de um acontecimento tido como histórico. (Vide Jo. 3.2; At. 26.24-27;Tg. 2.19)

2) Fé Temporal

Este tipo de fé é decorrente da consciência da realidade das verdades religiosas. Num primeiro momento, ela manifesta frutos semelhantes a fé salvadora; todavia, por ela não proceder de um coração regenerado, é ineficaz e não permanece; falta-lhe raiz. (Mt. 13. 20-21).

Ela tem uma característica voltada para emoção (vd. Jo. 2.23-25; At.8:13; 18-24; 2Tm 4.10; 1Jo 2:19).

3) Fé Milagrosa

É caracterizada pela persuasão intelectual de que eu serei o instrumento ou o beneficiário de um milagre. Dessa conceituação podemos distinguir esta fé em dois tipos:

3.1) Ativa – É a certeza de que Deus operará um milagre através de mim (Mt. 7:21-23; 10.1; 17.20).

3.2) É a convicção de que Deus operará um milagre em mim (Mt. 8.10-13; Lc 17.11-19; At. 14.8-10). Esta fé pode estar acompanhada da fé salvadora, porém não necessariamente.

Nota: Observemos que Deus é soberano para agir como ele quiser; inclusive capacitando os homens para serem seus agentes ou beneficiários de milagres; por isso, não nos iludamos como os “sinais” alegados por tantos pregadores.

4) Fé Salvadora

A fé salvadora é aquela que é produzida em nós pelo próprio Deus. Ele é o autor da fé. Não podemos produzir essa fé a não ser que seja pela ação e operosidade do Espírito Santo. Chamamos a fé salvadora de “fé genuína”, porque é dom de Deus. É uma graça, uma dádiva em nossas vidas, através, do qual somos habilitados a receber a Jesus Cristo como nosso único e suficiente Salvador e a crer em todas as promessas do Deus Triúno, conforme estão registradas nas Escrituras.

Definição de Fé, segundo o Catecismo Menor de Westminster (1647).

“Fé em Jesus Cristo é uma graça salvadora, pela qual, o recebemos e confiamos só nele para a salvação, como ele nos é oferecido no Evangelho”.

Elementos da Fé:

1) Elemento Intelectual – Caracteriza-se pela convicção racional de que aquilo que a Palavra diz é verdade, porque faz sentido. A razão não é desprezada em nossa relação com Deus. O Conhecimento das realidades espirituais passa por nossa mente. (Jo. 3.31-14; At. 10.43; 11.13-14;

2) Elemento Emocional – Se a fé não é apenas emocional, também, não é somente racional; ela envolve nossa razão e nossas emoções. (Mt. 13.20; At. 8. 5-8)

3) Elemento volitivo – Aqui já não há apenas uma convicção racional e emocional de que Jesus é o Salvador. Há o desejo de coração tocado e transformado pelo Espírito Santo, de receber a Cristo como seu Senhor, entregando-se totalmente a ele.

Assim, podemos dizer que a fé salvadora envolve todos os três elementos. “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc. 12:30). A fé Salvadora envolve os três, compondo um ato de entrega sem reservas a Cristo. (Rm. 10.9; Mt. 11.28-29; Jo. 1.12;14.1;16.31).

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Ordem da Salvação

Por Vinícius Correia

Eleição: Antes da criação, por causa da sua soberana e boa vontade, Deus escolhe algumas pessoas para serem salvas.

“Como também nos ELEGEU NELE antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” [Efésios 1:4]

“Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vosTER DEUS ELEGIDO desde o princípio para a salvação”

[2 Tessalonicenses 2:13]

Chamado: Deus convoca as pessoas para si mesmo através da proclamação humana do evangelho, e eles (os eleitos) respondem com a Fé salvadora.

“Logo a fé vem pelo OUVIR, e o ouvir vem pela PALAVRA DE CRISTO“. [Romanos 10:17]

Regeneração: Deus, secreta e soberanamente, concede vida espiritual a àqueles que foram chamados.

“Ele vos DEU A VIDA quando estáveisMORTOS pelos vossos delitos e pecados” [Efésios 2:1]

Conversão: Voluntariamente respondemos ao chamado do evangelho, arrependendo-nos do nosso pecado e colocando fé em Cristo para salvação.

“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e,TENDO NELE TAMBÉM CRIDO, fostes selados com o Espírito Santo da promessa;” [Efésios 1:13]

ARREPENDEI-VOS, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR,” [Atos 3 : 19]

Justificação: Um ato judicial e instantâneo de Deus, no qual Ele declara que os nossos pecados estão perdoados e que a justiça de Cristo é nossa.

“Isto é, Deus estava em CristoRECONCILIANDO CONSIGO o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” [2 Coríntios 5:19]

“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para JUSTIFICAÇÃO de vida.” [Romanos 5:18]

Adoção: Um to de Deus no qual ele nos torna membros de sua família.

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de SEREM FEITOS FILHOS DE DEUS, aos que crêem no seu nome;” [João 1:12]

“E nos predestinou para FILHOS DE ADOÇÃO por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,” [Efésios 1:5]

Santificação: Um trabalho progressivo de Deus e do homem, ao longo da vida, que nos liberta do pecado e nos torna mais semelhantes a Cristo.

“Segui a paz com todos, e a SANTIFICAÇÃO, sem a qual ninguém verá o Senhor;” [Hebreus 12:14]

“Porquanto está escrito: Sede SANTOS, porque eu sou SANTO.” [1 Pedro 1:16]

“E o mesmo Deus de paz VOS SANTIFIQUEem tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” [1 Tessalonicenses 5:23]

Glorificação: Deus finalmente removerá todos os vestígios do pecado do cristão e lhe dará um corpo ressurreto.

“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a GLÓRIA que em nós há de ser revelada.”           [Romanos 8:18]

“E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também GLORIFICOU.” [Romanos 8:30]

“Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em INCORRUPÇÃO” [1 Coríntios 15:42]

Categorias: Teologia

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A Presença de Jesus nos Une à Sua Missão

A Presença de Jesus nos Une à Sua Missão

Gerrit Scott Dawson10 de Dezembro de 2014 - Jesus Cristo

Que modo maravilhoso de concluir um evangelho. A história do Deus que desceu dos céus à terra conclui com a garantia: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28.20). Embora Jesus estivesse prestes à ascender, Mateus deseja que ouçamos que a proximidade da encarnação de Cristo continua. Ele, que é Emanuel, Deus conosco, promete viver à altura do seu nome. Jesus em breve retornaria aos céus, enquanto seus discípulos saíam pelo mundo na missão do evangelho. Mas eles não estariam seguindo caminhos separados. Jesus e seus irmãos não poderiam ser apartados pela distância entre o reino do mundo e o reino dos céus. Como poderia ser isto?

As instruções missionárias de Jesus podem ser corretamente traduzidas: “batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (28.19). Isso nos fornece uma compreensão significativa da conversão e do sinal e selo do batismo. Nossas vidas são realocadas quando somos unidos a Jesus pelo Espírito, por meio da fé. Nós somos colocados em Jesus. Assim, agora, nossa vida está “oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Colossenses 3.3). Paulo escreve de modo enérgico acerca dessa realidade ao afirmar que o Pai “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (1.13). É como se Deus enviasse um caminhão em velocidade para nos tirar da vizinhança desagradável, maligna e arruinada do pecado para as espaçosas ruas da liberdade em Cristo. Pedro o descreve como Deus nos chamando “das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pedro 2.9). O próprio Jesus exprime essa mudança de endereço da vida de um modo ainda mais místico: “Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós.” (João 14.20). Esses versículos dão alguma textura à frase que Paulo usa com tanta frequência: nós agora estamos em Cristo.

Jesus está conosco todos os dias porque é em Jesus que eu vivo. Os crentes estão de uma vez para sempre unidos a ele. Jesus retornou aos céus e, espiritualmente, nos levou consigo. Que mistério! “E estando nós mortos em nossos delitos, [Deus] nos deu vida juntamente com Cristo [...] e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Efésios 2.5-6). Sim, isso é uma realidade espiritual agora, assim como o meu corpo tão obviamente permanece aqui no chão. Um dia, é claro, a união será completada ao recebermos nossos corpos ressurretos, para que estejamos eternamente em comunhão imediata com Jesus e uns com os outros.

Entrementes, enquanto estivermos na terra, Jesus permanece conosco por meio do seu Espírito, o qual ele enviou para nós. Paulo escreve: “O amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5.5). O Espírito é a presença pessoal de Jesus “habitando” em nós. Pelo Espírito, o Pai e o Filho fazem morada em nós (João 14.23). Os cristãos, tanto individual como corporativamente, como igreja, são uma habitação na qual a eterna troca de amor entre as pessoas da Trindade se revela. O Espírito Santo em nós nos mantém unidos a Jesus, que adentrou nos céus com seu corpo ressurreto. Ele continuamente nos eleva para vermos que a nossa verdadeira vida está lá, em Cristo.

O entendimento bíblico de que Jesus está conosco é muito diferente de qualquer ideia de que a presença de Jesus apenas serve como um proveitoso impulso para a vida que eu estou tentando construir para mim mesmo. “Estou convosco todos os dias” não significa que eu tenho uma miniatura de Jesus guardada dentro de mim para servir de inspiração em meio às minhas ambições ou para me confortar quando as coisas não acontecem do meu jeito. Em vez disso, minha pequenina vida é colocada diante da grandeza de Jesus. Ele está conosco tão profundamente porque, pelo Espírito, nós estamos em Cristo. Meu propósito na vida, então, é dirigido pela missão dele para com o seu povo.

Então, eu sou impelido para fora do meu lar aconchegante, onde eu gostaria de permanecer enquanto Jesus me confortava. Ele me envia ao meu vizinho mau-humorado para que eu lhe dê testemunho com a consciência de que Jesus o ama tanto quanto ama a mim. “Eu estou com você à medida que você o ama em mim”.

Jesus vai comigo da minha rua relativamente segura para aquele bairro violento cheio de marginais ameaçadores. “Faça uma tenda aqui”, ele sussurra, “assim como eu fiz para mim uma tenda de carne em um mundo destruído”. Isso pode significar abrir uma escola, um centro esportivo ou uma clínica médica em Seu nome.

Exatamente aonde eu não quero ir, Jesus já está lá. Ele até me envia para que eu me dedique a pessoas que irão zombar da simples menção do seu nome. Eu gostaria de evitá-las, de manter distância de polêmicas. Mas o Senhor que continua a confundir o mundo o qual veio reivindicar me lembra: “Você está em mim e eu estou enviando o meu evangelho ao mundo. Então você pode confiar que eu estou com você à medida que você se envolve nessas situações delicadas”.

Jesus está conosco todos os dias, antes de tudo e mais profundamente porque o seu Espírito nos uniu à sua vida e, portanto, à sua missão.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O Amor Sacrificial de Deus

O amor de Deus é Sacrificial.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo. 3:16)

O que vem ser um amor sacrificial? O versículo 16 não deixa dúvida quanto a esta questão “Deus amou ao mundo que deu seu filho unigênito”. A palavra deu, tem seu sentido de doar-se, de entregar-se, ou seja, Deus entregou, doou seu Filho unigênito a morte, em sacrifício por amor ao perdido. Deus teve afeição por nós.
A palavra afeição no Latim significa affectus  que tem seu significado mais exato: Tocar, comover o espírito. Neste caso, Deus se comoveu em seu Espírito ao ver a nossa condição lastimável, deplorável em que os nossos primeiros pais nos deixaram. O apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios diz que estávamos mortos em nossos delitos e pecados e por tal motivo, não tínhamos condições nenhuma de ir à fonte do verdadeiro amor.
No entanto, o amor verdadeiro é impulsionado a vir até nós, cheio de graça e misericórdia. Deus nos amou ao ponto de sacrificar seu próprio filho.  Mas, porque Deus fez isso? Será que Deus viu alguma coisa boa em nós? Será que Deus foi motivado por algo externo em nós, como por exemplo, alguma ação que justificasse tal ato de amor a ponto de enviar seu filho para morrer em nosso lugar? Na verdade se olharmos para qualquer coisa ou para qualquer gesto nobre que venha de nossa parte não seria suficiente para justificar o amor de Deus a ponto de enviar seu Filho e morrer por nós. Tal justificativa é encontrada na própria essência de Deus, que é amor.. Sendo assim, Foi toda iniciativa dEle em nos amar. A iniciativa nunca parte de nós, mas sim do Eterno. Assim, Deus se comove e demonstra afeição ao enviar seu único filho amado para morrer em nosso lugar e nos libertar da condenação eterna. (CLS)